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Celulares nas escolas: um debate importante e urgente

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A presença crescente de celulares nas escolas, interferindo na rotina de crianças e adolescentes, impõe desafios significativos tanto para as instituições de ensino quanto para as famílias.

Diante desse cenário, o Governo Federal publicou a Lei nº 15.100/2025, que restringe o uso desses dispositivos nas escolas de todo o país.

Quais os pontos positivos e negativos dessa legislação e como isso pode interferir na aprendizagem de crianças e adolescentes? Vamos discutir isso a seguir!

Impactos do uso excessivo de celulares na vida dos alunos

Estudos diversos no Brasil e no Mundo já demonstram que os malefícios do uso excessivo de celulares e redes sociais superam, em larga escala, os benefícios.

Essa constatação embasa a preocupação com a influência desses dispositivos no dia a dia dos estudantes, especialmente no que tange ao seu desempenho escolar e bem-estar geral, mas também com relação à redução da interação social e aumento de problemas relacionados à saúde mental, como ansiedade e depressão.

Prejuízos à aprendizagem e concentração

O uso excessivo desses dispositivos afeta diretamente a capacidade de concentração dos alunos, prejudicando significativamente seu desempenho e evolução escolar. A dificuldade em manter o foco compromete tanto a assimilação imediata quanto o aprendizado a longo prazo.

A dispersão causada pelas notificações, aplicativos e acesso constante à internet cria um ambiente propício à desatenção, tornando o processo de ensino-aprendizagem mais árduo e menos eficaz.

Os estudos apontam um saldo negativo, onde os danos ao foco e à concentração se mostram mais relevantes do que quaisquer potenciais vantagens pedagógicas do uso irrestrito dos aparelhos em sala de aula ou durante o período escolar.

Dessa forma, o objetivo da restrição imposta pela lei é proteger o tempo e a energia dos estudantes dedicados aos estudos.

Efeitos na saúde mental e interação social

Além do impacto acadêmico direto, o uso prolongado das redes sociais interfere negativamente na interação social dos alunos, ao mesmo tempo que essa exposição fomenta comportamentos prejudiciais, como o isolamento e o bullying.

Isso ocorre porque o ambiente digital, muitas vezes, reproduz e amplifica dinâmicas sociais complexas, podendo levar a situações de exclusão e agressão virtual. Fora do ambiente escolar, essa rotina de uso excessivo afeta ainda mais a saúde mental dos alunos, uma vez que contribui para o aumento de transtornos, como a ansiedade e a depressão.

A constante comparação com a vida de outros, a busca por validação em “curtidas” e comentários, e a exposição a conteúdos negativos podem ter um peso significativo no bem-estar emocional dos jovens.

O isolamento social físico, em detrimento da interação virtual, também é uma preocupação, pois o desenvolvimento de habilidades sociais face a face é fundamental.

Portanto, os impactos na saúde mental e nas relações interpessoais foram fatores cruciais considerados no debate sobre a regulamentação.

Desregulação do sono e desempenho acadêmico

A desregulação do sono também é um ponto de atenção que impacta a saúde dos estudantes. A luz azul emitida pelas telas, o engajamento em conteúdos estimulantes e a dificuldade em “desconectar” antes de dormir podem prejudicar a qualidade e a quantidade de sono de crianças e adolescentes.

A privação do sono, por sua vez, prejudica o desempenho acadêmico tanto no curto quanto no longo prazo. Um sono inadequado afeta a memória, a capacidade de resolução de problemas, o humor e a capacidade de concentração durante as aulas.

Esses efeitos cumulativos sobre o desempenho acadêmico reforçam a necessidade de medidas regulatórias que ajudem os alunos a estabelecerem limites saudáveis para o uso de dispositivos, garantindo que tenham o descanso necessário para o aprendizado e o desenvolvimento.

A conexão entre o uso de telas antes de dormir e a qualidade do sono é um ponto de alerta que evidencia a abrangência dos impactos do uso excessivo de celulares na vida dos jovens.

A necessidade de regulamentação e o papel do Congresso

Diante dos desafios e impactos negativos evidenciados, é fundamental que a sociedade civil, profissionais de educação, saúde mental e autoridades competentes observem de perto os efeitos da nova Lei no desempenho e saúde de crianças e adolescentes nos próximos meses.

A discussão sobre o assunto deve ser mantida, de forma séria e aprofundada, observando também exemplos de outros países e eventuais necessidades de correção de rota.

Segundo João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, A análise de experiências internacionais é essencial para a elaboração de uma legislação eficaz, pois, ao entender como esses modelos funcionaram em outros contextos, é possível compreender quais foram seus acertos, desafios e resultados, aplicando esse aprendizado em nossa legislação.

Outro ponto importante é observar como equilibrar tecnologia e educação de uma maneira saudável, uma vez que os dispositivos podem, de maneira controlada e estratégica, apoiar atividades educativas.

Definindo limites: o papel de escolas, famílias e educadores

É essencial que escolas, professores e famílias trabalhem juntos para que essa restrição tenha sucesso.

Essa colaboração é vista como a base para que a aprendizagem dos estudantes seja preservada e sua saúde mental, protegida. A legislação oferece o arcabouço legal, mas a implementação prática e a construção de uma cultura escolar e familiar que promova o uso consciente da tecnologia exigem um esforço conjunto e contínuo de todos os envolvidos no processo educativo.

É no dia a dia, na sala de aula e em casa, que os limites serão efetivamente aplicados e compreendidos pelos alunos, com o apoio e a orientação de adultos.

A discussão sobre celulares nas escolas é, sem dúvida, um debate importante. Trata-se de um tema complexo, com impactos multifacetados na vida dos alunos, desde o desempenho acadêmico até a saúde mental e as interações sociais.

Quais são os primeiros resultados da aplicação da legislação?

Professores de diversas regiões do país já perceberam mudanças nesses primeiros meses de restrição.

Inicialmente, houve maior resistência à implementação da medida, principalmente entre alunos mais velhos, que já estão mais habituados ao uso do celular. Entretanto, com o tempo, a adaptação à mudança começou a se consolidar.

Em muitas escolas, a hora do intervalo voltou a ter barulho de conversas, atividades em grupo, risadas e crianças correndo e brincando. Também existem muitos relatos de aumento da participação dos alunos nas aulas, o que impacta diretamente na aprendizagem.

Em muitas regiões, os casos de bullying e cyberbullying também apresentaram redução.

Em breve, será possível observar os impactos no desempenho escolar de maneira geral, observando notas e desempenho dos alunos.

Crianças e adolescentes com maior dificuldade de adaptação a essa nova realidade podem manifestar sintomas de angústia e dificuldade de regular emoções, o que pode exigir acompanhamento psicológico para auxílio nessa fase tão importante.

Estamos acompanhando de perto essa temática e animados com as possibilidades que ela traz para o ambiente escolar.

E você, qual sua opinião sobre esse tema?

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